quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As origens do Halloween



Por Eric Klinke A. Coelho

Comemorado principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, o Dia das Bruxas (Halloween) é comemorado no dia 31 de outubro. Atualmente a comemoração ganha força no Brasil, principalmente graças às escolas de idiomas e à influência cultural estadunidense.


Suas origens mesclam influências pagãs e cristãs.

Entre os celtas havia um festival importante, que marcava o início do seu ano, o samhain. Ocorrendo entre o equinócio de verão e o solstício de inverno, o festival marcava o fim do verão (samhain, em celta significa fim do verão). Ocorrendo entre o fim de outubro e o início de novembro, uma de suas datas mais importantes era o Dia dos Mortos. Os sacerdotes druidas (gravura ao lado) presidiam as cerimônias em homenagem aos antepassados. Acreditava-se que nesses dias os espíritos dos mortos voltavam para suas antigas casas, para ajudar a guiar sua família.

Entre os cristãos, desde o século V havia uma festa em honra a Todos os Mártires. Originalmente celebrada no dia 13 de maio, o papa Gregório III, no século VIII moveu a festa de Todos os Santos para o dia 1º de novembro, dia em que havia sido consagrada a capela de Todos os Santos na antiga Basílica de S. Pedro, em Roma.

Por ser uma festa importante dentro da liturgia católica, tinha uma cerimônia de vigília, para preparação, que ocorria na noite do dia 31 de outubro. Essa cerimônia era chamada, em língua inglesa de All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), que possivelmente deu origem ao nome atual da festa, Halloween.


Como se pode observar, originalmente a festa não tinha relação com bruxas. A associação ocorreu durante a Idade Média. Nesse período, inicia-se a perseguição a todo aquele que praticasse curandeirismo ou rituais pagãos. Milhares, principalmente mulheres, foram condenados à morte na fogueira. Como era a maior festa celta, religião pagã aos olhos do cristianismo, a festa foi associada às supostas atividades e rituais das bruxas.

E viveram felizes para sempre...



Ou não. Os casamentos reais misturam tradições da nobreza e dores da vida real em rituais que, ainda hoje, lembram contos de fada

por Jeanne Callegari

Moça comum conhece estrangeiro encantador. Apaixonam-se e ela descobre que ele é o príncipe de um país europeu. Os dois se casam e vivem felizes para sempre. Conto de fadas? Não. Essa é a história real de Mary Donaldson, a publicitária australiana que conquistou o coração do príncipe Frederik, da Dinamarca (foto acima). O casal se encontrou pela primeira vez durante a Olimpíada de Sydney, em 2000, e, quatro anos depois, protagonizou um dos casamentos mais românticos da realeza, na catedral de Copenhague. Ela desfilou com um vestido de 6 metros de cauda e um véu feito de renda irlandesa de 100 anos. Ele quebrou o protocolo e chorou no altar, enquanto esperava a chegada da noiva. Ao fim da celebração, o casal seguiu de carruagem até o palácio de Fredensborg, residência de primavera da família do noivo, para o beijo público junto ao balcão. A jovem nascida na Tasmânia, filha de um professor de Matemática, ganhou, assim, o título de sua alteza real e princesa herdeira do trono da Dinamarca.

Como a maioria dos casamentos reais, marcados por pompa e tradição, esse também foi acompanhado por milhares de pessoas. "A mágica do evento fascina o público: um vestido de tirar o fôlego, o desfile em um Rolls-Royce conversível ou mesmo em uma carruagem dourada", diz Julia Melchior, autora do livro Royal Weddings ("Casamentos reais"), escrito em parceria com Friederike Haedecke. "E, apesar da organização cuidadosa, em cada casamento real ocorrem coisas engraçadas em que ninguém pensou antes." É o anel que não entra no dedo, um lenço que aparece quando não devia, a tiara que some na última hora. Deslizes que aproximam os soberanos de seus súditos, que torcem pelos casais e choram junto com eles.

Os gestos rituais impressionam também por conseguirem, em momentos inspirados, sintetizar significados e valores antigos da monarquia. No casamento de Máxima Zorreguieta com o príncipe Willem-Alexander, da Holanda, todos prenderam a respiração, quando a aliança resistiu a encaixar no dedo da noiva. A joia finalmente coube tão perfeitamente no anular da princesa quanto o sapato de cristal no pé de Cinderela. E a plateia comemorou, como se assistisse ao triunfo definitivo do amor sobre a política.

Máxima era argentina e plebeia, mas não foram esses os principais obstáculos ao casamento. O problema era de outra natureza. A união dependia, por lei, da aprovação do Parlamento, mas enfrentou resistências porque o pai da noiva, Jorge Zorreguieta, participara da ditadura militar argentina como secretário da Agricultura e da Pecuária, de 1976 a 1983. Depois de difíceis debates, uma solução negociada permitiu a cerimônia, mas proibiu a presença dos pais de Máxima. A ausência da família deu um toque amargo ao casamento. Emocionada, a noiva chorou ao som do tango Adiós Nonino ("Tchau, papai"), de Astor Piazzolla. Depois da cerimônia, realizada em 2002, o casal saiu em uma carruagem dourada pelas ruas e subiu à sacada do palácio real para o beijo do final feliz.

Durante a crise, Willem-Alexander teve o apoio integral de sua mãe, a rainha Beatrix. Afinal, ela havia escolhido, anos antes, um diplomata alemão para marido e também sofrera pressões. No dia do casamento com Claus von Amsberg, em março de 1966, seis bombas explodiram em protesto, em diferentes pontos de Amsterdã. Ainda havia muito rancor contra os alemães nos países ocupados durante a Segunda Guerra Mundial. E era difícil aceitar um ex-integrante da Juventude Hitlerista na Casa Real holandesa. O Parlamento só autorizou o enlace após historiadores terem garantido que Claus não havia participado nem de crimes de guerra nem de atos antissemitas.



Se as feridas estavam abertas 20 anos depois do conflito, o que não dizer do estado de espírito dos britânicos em julho de 1947. Menos de dois anos após o fim da guerra na Europa, o rei George VI anunciou o noivado de sua filha, Elizabeth, com Philip Mountbatten, grego, mas filho de uma alemã (acima, foto durante o casamento). O casamento aconteceu num dia frio e chuvoso, tipicamente londrino. No difícil pós-guerra, a cerimônia foi austera. Como prato principal, serviu-se perdiz, um dos únicos tipos de carne excluídos do racionamento. Para o vestido de Elizabeth, o governo emitiu 200 cupons destinados à aquisição racionada de roupas ou tecidos. Muitas mulheres também enviaram à noiva seus cupons, mas o uso de tíquetes de terceiros estava proibido e Elizabeth os devolveu. Ou seja, o incômodo dos súditos com a origem do noivo da princesa durou pouco. Centenas de milhares de pessoas enfrentaram o clima ruim para ver o casal no balcão da estação Waterloo.

No fim do século 20, nem a guerra nem a diferença de classes eram mais uma barreira. Mas Mette-Marit, a noiva do príncipe Haakon, da Noruega, além de plebeia, era mãe solteira. Mesmo na liberal Noruega, houve reclamações. Os súditos desconfiavam da loura que o príncipe conhecera em um festival de rock e circulavam rumores sobre seu passado. A três dias do casamento, ela admitiu à imprensa que tivera uma vida extravagante, mas argumentou que suas experiências a haviam tornado forte e madura. Uma onda de simpatia correu o país e, no casamento, em 2001, a população estava encantada com ela. Mette-Marit e Haakon entraram juntos na catedral de Oslo e convidaram 50 plebeus para o baile, incluindo amigos ex-viciados em drogas. Mas o príncipe deu à noiva a mesma aliança que o avô, Olavo V, e que seu pai, Harald V, haviam dado às suas escolhidas.

Não é fácil atualizar convenções. Friederike Haedecke e Julia Melchior descrevem 14 casamentos reais e mostram o quanto da história da monarquia está viva. São fotos e detalhes das cerimônias, que, muitas vezes, tentaram conciliar modernidade e tradição. Em 1993, o casamento do príncipe Naruhito, do Japão, combinou ritos seculares a um desfile de Rolls-Royce conversível, a pedido da noiva, Masako. Ela deixou uma carreira promissora no Ministério das Relações Exteriores, e o futuro marido prometeu ajudá-la na difícil transição para a vida solitária do palácio. Momentos da celebração só puderam ser vistos pelos sacerdotes. Os 812 convidados esperaram no vestíbulo, enquanto o casal fazia seus votos no templo da deusa do sol, Amaterasu, no palácio imperial, em Tóquio. A noiva vestiu 12 camadas de quimonos, pesando 10 quilos.

Dancing Queen

O que a cerimônia japonesa teve de reservada, o casamento do rei da Suécia, Carl Gustaf, em 1976, teve de popular. A começar por um dos presentes: show oferecido pelo Abba, banda pop do país que compôs para a futura rainha Sílvia, brasileira filha de alemães, um dos maiores sucessos de todos os tempos - Dancing Queen. Mesmo assim, como todo casamento real, foi organizadíssimo e custou 1,5 milhão de euros, em moeda atual.

O casamento precede uma questão vital para a realeza: a obrigação de gerar sucessores. Acabou assim a união do xá da Pérsia (Irã), Mohammed Reza Pahlevi, com Soraya Bakhtiari (1932-2001), chamada de princesa triste. Por mais que afirmasse amá-la, ele se divorciou dela em 1958. Decisão inútil, porque os filhos do enlace seguinte, com Farah Diba, não chegaram ao poder: o xá foi deposto em 1979. Mas o casamento, quando Soraya tinha 18 anos, em 1951, foi um dos mais grandiosos da História. No baile, a imperatriz, que convalescia de doença desconhecida, quase desfaleceu sob os 20 quilos de um Dior com diamantes e plumas de marabu (um tipo de cegonha). O xá mandou tirar 10 metros da cauda do vestido, e, à base de sais, Soraya aguentou até as 2 da manhã, quando o banquete terminou.

Toda de branco

A rainha Vitória consagrou a cor do vestido
"Murmúrios se espalharam entre os 300 convidados, na capela do palácio de Saint James, em Londres, quando a rainha Vitória da Inglaterra apareceu, usando um vestido de corpete justo e saia ampla. Mas o que fazia a visão realmente espetacular era o fato de que tudo, tanto vestido quanto véu, era branco" (pintura ao lado). Assim o livro Royal Weddings ("Casamentos reais") descreve o impacto causado pela rainha no casamento com o príncipe Albert, seu primo, em fevereiro de 1840. Ela não foi a primeira a ir ao altar de branco. Mas ajudou a firmar o costume. No século 19, todas as cores eram possíveis num vestido de casamento. Os plebeus usavam em geral tons escuros, que pudessem ser aproveitados em outros eventos. As noivas nobres, mesmo nas famílias reais, preferiam em geral tons de dourado e prateado para mostrar riqueza.

A OBRA

Royal Weddings
Frederike Haedecke e Julia Melchior, teNeues, 2008, US$ 29.70

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A origem do nomes dos meses do ano

Nosso calendário é regido por deuses, imperadores e números romanos

por Álvaro Oppermann
Antes de Roma ser fundada, as colinas de Alba eram ocupadas por tribos latinas, que dividiam o ano em períodos nomeados de acordo com seus deuses. Os romanos adaptaram essa estrutura. De acordo com alguns pensadores, como Plutarco (45-125), no princípio dessa civilização o ano tinha dez meses e começava por Martius (atual março). Os outros dois teriam sido acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de Roma, que governou por volta de 700 a.C.

Os romanos não davam nome apenas para os meses, mas também para alguns dias especiais. O primeiro de cada mês se chamava Calendae e significava "dia de pagar as contas" - daí a origem da palavra calendário, "livro de contas". Idus marcava o meio do mês, e Nonae correspondia ao nono dia antes de Idus. E essa era apenas uma das diversas confusões da folhinha romana.

Até Júlio César (100 a.C.-46 a.C.) reformar o calendário local, os meses eram lunares (sincronizados com o movimento da lua, como hoje acontece em países muçulmanos), mas as festas em homenagem aos deuses permaneciam designadas pelas estações. O descompasso, de dez dias por ano, fazia com que, em todos os triênios, um décimo terceiro mês, o Intercalaris, tivesse que ser enxertado.

sábado, 24 de outubro de 2009

Como surgiu a expressão "discutir o sexo dos anjos"




Você provavelmente já ouviu a frase, empregada normalmente quando alguma discussão não leva a nada. O bizarro é que essa discussão do sexo dos anjos realmente existiu. Em 1453, durante a tomada de Constantinopla, a atual Istambul, na Turquia, pelos turcos otomanos, o imperador Constantino XI comandava a resistência e o negócio estava feio. Enquanto uma verdadeira guerra era travada (na batalha final, na tomada da cidade, os cristãos mal contavam com 7 mil soldados, enquanto os turcos dispunham de mais de 80 mil homens), as autoridades cristãs estavam reunidas num concílio. Entre os diversos assuntos das acaloradas discussões teológicas, os clérigos debatiam sobre o fato de os anjos terem ou não sexo. O imperador acabou morto durante a defesa da capital, assim como milhares de cristãos.
O Império Bizantino teve fim e os conquistadores estabeleceram o Império Otomano, comandado por Maomé II. E a conclusão do concílio? Eles não descobriram se os anjos tinham ou não sexo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A idade de Cristo

Por Eric K. A. Coellho

A tradição popular diz que Jesus de Nazaré tinha 33 anos ao ser crucificado. Muitos dos que tem ou já tiveram 33 anos já ouviram a frase, normalmente acompanhada de um piedoso olhar, logo após ser dita a idade: “ah, a idade de Cristo”.


A noção de que Jesus morreu com 33 anos se baseia em vários pressupostos errados, como por exemplo, o de que o Seu nascimento ocorreu no ano zero e Sua morte no ano 33. Apenas apontando um erro básico, Ele teria ainda 32 anos, já que só completaria 33 em Seu “aniversário” em dezembro.

Além disso, não existe ano zero em nosso calendário. Do ano 1 antes de Cristo passamos para o ano 1 depois de Cristo. Isso porque, quando o calendário Cristão foi proposto pelo monge Dionísio Exíguo ou o Pequeno (no sentido de humildade), no século VI, ele foi criado sem o ano zero. Como ainda hoje, não existia o número zero em numerais romanos.

Até Dionísio, o chamado calendário cristão tomava como referência a perseguição aos cristãos perpetrada pelo imperador romano Diocleciano, que governou entre 284 e 305. Dionísio, ao desenvolver uma tabela para a festa da Páscoa, preferiu contar a partir do nascimento de Cristo, e não dessa grande perseguição. Assim, tendo como referência as informações dos evangelhos, estipulou o ano de 753 do calendário romano, como ano 1 do novo calendário cristão (ou I anno Domine). O problema é que Dionísio errou e Jesus não nasceu realmente no ano 1. Apesar da contradição inerente à frase, Jesus nasceu cerca de seis ou sete anos antes de Cristo.


Quando nasceu?

Mateus diz que Jesus nasceu sob o governo de Herodes o Grande. Sabe-se exatamente em que ano morreu: 4 a.C. Assim, Jesus teria que ter nascido antes de 4 a.C, se a informação de Mateus estiver correta.


Outra informação, dada por outro evangelista (Lucas), vem trazer, na verdade mais problemas na datação. Ele informa ter havido um recenseamento em todo o império por ordem de Otávio Augusto, durante o governo de Quirino. Públio Sulpício Quirino foi governador da Síria entre 6 d.C. e 12 d.C., quando ocorreu um recenseamento não em todo império, mas apenas na província da Síria. O período de Quirino como governador não bate cronologicamente com o período em que reinou Herodes, já morto na época de Quirino. Mas segundo alguns documentos, Sulpício Quirino esteve em posição de comando militar na Síria entre 10 a.C. e 7 a.C., com Herodes ainda vivo. Entretanto, fora o relato de Lucas, nenhum outro relato extrabíblico cita um recenseamento nesse período.

O que poderia ajudar na datação seria o fenômeno citado por Mateus e que a tradição batizou como Estrela de Belém. Várias hipóteses já foram levantadas como cometa, uma Nova ou uma Supernova (explosão de uma estrela). Porém, não existe relato extrabíblico de fenômeno astronômico no período. Johannes Kepler sugeriu em 1603 que uma conjunção por ele observada poderia ser o fenômeno. A conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes aconteceu três vezes também em 7 a.C. e foi visível na região do Oriente Médio. Os tradicionalmente conhecidos como “magos do oriente” (que poderiam ter sido sacerdotes-astrólogos caldeus) poderiam ter associado essa conjunção ao messias judeu.


Representação gráfica da conjunção, como foi vista no dia 4 de dezembro de 7 a.C. em Jerusalém

Dessa forma, é possível que o nascimento de Jesus tenha ocorrido no ano 7 a.C.

Em que dia?

É impossível que Ele tenha nascido em 25 de dezembro. Lucas cita que havia pastores nos campos quando do nascimento. Durante o inverno os rebanhos ficavam recolhidos, sendo levados para as pastagens entre os meses de março e novembro. Assim, se a informação de Lucas está correta, o nascimento poderia ter ocorrido em qualquer dia entre março e novembro.

Comemorado desde o séc. IV em 25 de dezembro, o dia de Natal era originalmente a Festa do Sol Invencível, que corresponde com o solstício de inverno. Também era próximo ao final da Saturnália, em honra ao deus Saturno, época em Roma de festas e troca de presentes. Além disso, o dia 25 era o dia de nascimento do deus persa Mitra, muito popular em Roma. Com a igreja cristã se fortalecendo, ao invés de proibir as festividades, ela associou sua própria festividade às outras, suplantando a festa do aniversário de Cristo sobre as outras.

O dia exato é praticamente impossível de ser determinado. Mas se tomarmos textualmente a Bíblia como fonte de informação, a época do nascimento pode ser aproximado em função das escalas de serviços dos sacerdotes no Templo. Zacarias, pai de João Batista, primo de Jesus, era sacerdote. Segundo sua escala, ele teria deixado Jerusalém após servir no Templo na 10ª semana do ano religioso judaico. Segundo Lucas, Isabel, sua esposa, teria concebido logo depois.

Presumindo que a conjunção descoberta por Kepler poderia ser a “estrela de Belém” e que o ano do nascimento de Jesus seja 7 a.C, precisaremos recuar para o ano 8 a.C. (ano 3752 do calendário judaico). Zacarias teria deixado Jerusalém e seu turno no Templo no dia 5 de junho de 8 a.C. (dia 17 de sivan, no calendário judaico). A concepção, portanto, teria acontecido logo após.

O texto de Lucas diz que Maria concebeu quando Isabel estava no sexto mês de gestação. Lembrando que o mês judaico é lunar (29,5 dias), seis meses lunares são 177 dias. Dessa forma, a concepção de Maria teria ocorrido no início de dezembro do ano 8 a.C..

Sabendo que a gestação humana tem em média 280 dias, João Batista teria nascido em meados de março do ano seguinte, 7 a.C.. E Jesus teria nascido, utilizando literalmente as informações da Bíblia, nas primeiras semanas de setembro do ano 7 a.C..

Quando morreu?

Quanto ao ano da morte, a presença dos principais personagens no poder estabelece um período: José Caifás foi sumo sacerdote de 18 d.C. a 36 d.C. e Pôncio Pilatos foi prefeito da Judéia entre 26 d.C. e 36 d.C.. Dessa forma, o processo de julgamento de Jesus teria que ter ocorrido entre 26 d.C e 36 d.C..

Segundo os evangelhos, Jesus foi julgado e morto no erebh shabbath, o dia da preparação, que antecede o shabat, o sábado de descanso, quando nenhuma atividade deveria ser realizada. Foi morto em uma sexta-feira, portanto. Ainda segundo os evangelhos, nessa mesma sexta-feira à noite (sábado segundo o calendário judaico, pois o “dia” inicia-se com o pôr do sol) a ceia pascal.

Dessa forma, no calendário judaico, Jesus foi crucificado no dia 14 de Nissan, dia em que ocorria o sacrifício do cordeiro no Templo. Com essas informações é possível precisar o ano.

A tradição diz que Jesus foi crucificado em 33 d.C.. Ocorre que, consultando o calendário judaico, o dia 14 de Nissan, no ano 33 caiu em um sábado. No período que Pilatos foi prefeito da Judéia, o único ano em que o dia 14 de Nissan caiu em uma sexta-feira foi no ano 30. Portanto, a crucificação ocorreu no dia 4 de abril do ano 30 d.C..

Tendo a data provável do nascimento (setembro de 7 a.C.) e da morte (4 de abril de 30 d.C), podemos voltar ao questionamento inicial: com quantos anos Jesus teria morrido, qual era a “idade de Cristo”? Jesus completaria 36 anos em setembro de 30, tendo, portanto 35 anos incompletos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ardi: A nova "mãe" da Humanidade

A história da humanidade voltou a recuar no tempo agora que os cientistas concluíram o estudo de Ardi, um hominídeo que viveu há 4.4 milhões de anos numa região que atualmente faz parte da Etiópia.


Com 1,20m e 50 quilos, esta fêmea vagueou pela floresta milhões de anos antes da famosa Lucy, nome de batismo do esqueleto de um outro hominídeo descoberto em 1974, tido até agora como o mais remoto antepassado do Homem.

Nova luz sobre a evolução


O estudo de Ardi lançou uma nova luz sobre a evolução do Homem, disse o antropólogo C. Owen Lovejoy da Universidade de Kent, EUA.

Ao contrário do que se pensava até agora o antepassado mais remoto do homem não será um grande símio semelhante a um chimpanzé. Com efeito, os cientistas garantem agora que o Homem e o chimpanzé teriam seguido caminhos paralelos a partir de um antepassado comum.

"Ardi não é esse antepassado comum, mas nunca tínhamos chegado tão perto", afirmou Tim White, diretor do Centro de Investigação da Evolução Humana da Universidade da Califórnia em Berkeley, EUA.                                                  

White acredita que essa criatura a partir da qual Homem e macaco evoluíram, terá vivido há cerca de seis ou sete milhões de anos.

Mas Ardi tem muitos traços que atualmente não se encontram nos atuais macacos africanos, o que permite concluir que estes terão evoluído consideravelmente desde que partilharam com o Homem o tal antepassado comum.

Das árvores para o solo

O estudo de Ardi, que começou em 1994, ano em que foram descobertos os primeiros ossos, permitiu concluir que viveria na floresta e que poderia subir às árvores usando os membros superiores e inferiores, mas o desenvolvimento dos seus braços e pernas revelou que passariam pouco tempo empoleirados. No solo, eram capazes de caminhar sobre os membros inferiores.

Sob a designação científica Ardipithecus ramidus, que significa "símio do chão", foi esta descoberta cientificamente documentada em 11 artigos ontem publicados na revista "Science".

Para David Pilbeam curador do Museu de Arqueologia e Etnologia de Harvard, "esta é uma das descobertas mais importantes no estudo da evolução da Humanidade".

sábado, 3 de outubro de 2009

Arqueólogos descobrem sala de jantar giratória de Nero

Associated Press

ROMA - Nero não foi apenas um imperador romano; ele também pode ter sido o inventor do restaurante giratório. Arqueólogos apresentaram, nesta terça-feira, 29, o extravagante salão de jantares de Nero, um espaço circular que girava dia e noite para impressionar os convidados do imperador.

O cômodo, parte do Palácio Dourado de Nero, uma residência luxuosa construída no primeiro século da era comum, parece ter sido construído para o entretenimento de autoridades e outras figuras importantes, disse a arqueóloga Françoise Villedieu. O imperador reinou de 37 a 68.


Arqueóloga explica descoberta diante do pilar que sustentava a sala giratória. Domenico Stinellis/AP

A escavação, até agora, revelou as fundações da sala, o mecanismo giratório por baixo e parte de uma área anexa, provavelmente a cozinha.

"Isso não se compara a nada que conheçamos da arquitetura romana antiga", disse Françoise a jornalistas que visitaram a escavação.
Ela disse que a localização da descoberta, no topo do Monte Palatino, a estrutura giratória e referências a ela em antigas biografias de Nero tornam a atribuição ao imperador muito provável.

A estrutura parcialmente escavada é parte da residência suntuosa, também conhecida por seu nome latino, Domus Aurea, que se ergueu sobre as ruínas do incêndio que destruiu Roma em 64.

A suposta sala de jantar giratória, com diâmetro superior a 16 metros, repousava sobre um pilar de 4 metros de largura e quatro mecanismos esféricos que, provavelmente com a energia de água corrente, faziam girar a estrutura.

O biógrafo e historiador latino Suetônio, que produziu biografias de 12 governantes romanos, refere-se à sala de jantar como um lugar que girava "dia e noite, acompanhando o ritmo do céu".
Angelo Bottini, a principal autoridade do governo de Roma para assuntos arqueológicos, disse que o teto da estrutura giratória pode ter sido o descrito por Suetônio, que relatou painéis de marfim que deslizavam para derramar flores e perfume sobre os convidados.

Descrito por Suetônio como um dos governantes mais cruéis, depravados e megalomaníacos de Roma, Nero não desfrutou por muito tempo do Palácio Dourado. A obra foi completada no ano 68, o mesmo em que o imperador cometeu suicídio, em meio a um a revolta.