iG São Paulo com AP
Os testes de DNA que revelaram a causa da morte do faraó Tutankamon também desvenderam outro mistério egípcio: o destino da múmia de seu pai, o controverso Akhenaton. A descoberta pode ajudar a esclarecer a primeira tentativa histórica de uma religião monoteísta, há 3000 anos.
Akhenaton e a rainha Nefertiti em uma cena cotidiana: finalmente identificado seus restos mortais
Dois anos de exames de DNA e tomografias conduzido em 16 múmias pelo Conselho Supremo de Antiguidades do Egito renderam provas que uma múmia não identificada, conhecida como KV55 (número de seu túmulo no Vale dos Reis) é de Akhenaton. “No fim, havia apenas um jeito dos dados genéticos se encaixar na árvore genealógico e assim se provou que esta múmia era mesmo de Akhenaton,” disse Albert Zink, da Academia Européia, que trabalhou no projeto.
Os testes também demonstraram que outra múmia não identificada era irmã de Akhenaton, com quem ele teve Tutankamon e que morreu violentamente, com golpes no rosto e na cabeça. No entanto, os arqueólogos ainda não conseguiram descobrir os restos mortais de Nefertiti, a principal esposa de Akhenaton e famosa por sua beleza. O chefe do Conselho Zahi Hawass, afirmou que achar sua múmia é seu próximo objetivo.
Corpo efeminado
A descoberta do corpo de Akhenaton enterra de vez especulações sobre sua aparência física. As estátuas da época o retratam com um corpo efeminado, com quadris largos, crânio alongado e lábios fartos – o que gerou teorias que ele poderia sofrer de uma série de doenças degenerativas. Mas a múmia e os exames genéticos mostraram um corpo masculino normal, sem nenhuma doença que indicasse qualquer androginia. Mas o motivo da morte do rei continua um mistério, até porque, ao contrário de outros reis, seu corpo não parece ter sido mumificado adequadamente – restam apenas os ossos, sem pele ou órgãos.
“Isso é outra prova que deve realmente ser Akhenaton. Ele foi tratado de maneira diferente das outras múmias,” explicou Carten Puschen, do Instituto de Genética Humana em Tubingen, que também trabalhou no projeto.
Embora Tutankamon seja mais conhecido, historicamente o reinado de Akhenaton, que começou por volta de 1350 a.C, foi bem mais importante. Ele rompeu com os sacerdores de Amon, o deus principal dos egípcios, repudiou os outros deuses e ordenou que seus súditos adorassem o sol, Aton. Ele mudou sua corte para uma nova capital, em Amarna, que chegou a ter 30.000 habitantes. Essa revolução religiosa gerou uma mudança dramática nas artes egípcias.
Depois de sua morte, ele foi renegado e foi desconhecido até a descoberta no século XIX de sua capital em Amarna, uma das poucas ruínas de cidades egípcias. Seu culto monoteísta fascinou a Europa, e até Sigmund Freud especulou que ele poderia ter influenciado o judaísmo.
A revelação do corpo de Akhenaton pode impulsionar o turismo em Minya, uma das províncias mais pobres do Egito, e onde fica Amarna. A região é ignorada pelos turistas que vão direto às pirâmides de Giza ou os templos de Luxor no sul, onde fica o Vale dos Reis. As ruínas de Amarna foram populares até a década de 90, quando uma rebelião de militantes islâmicos afastou os turistas. O museu em Minya vai exibir as múmias de Akhenaton, sua mãe Rainha Tiye e sua irmã-consorte e “contará a história de Akhenaton”, declarou Hawaiss.
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